Amo correr. Odeio caminhar.
Mas comecei mesmo assim em um daqueles dias que, por mais ensolarados que estejam, continuam nublados dentro da gente.
Cheguei no parque munida de roupa de academia, fones e um sonho.
Antes dos primeiros 500m, na subida, senti as lágrimas vindo e rolando soltas. Torci para que fossem pela dor nas pernas.
É, meu corpo estava mesmo precisando se movimentar, terminei o percurso dos 5 km com bem mais de uma hora de caminhada.
Voltei no dia seguinte. As pernas estavam bem mais doloridas, mas o coração estava mais leve.
Parei de monitorar o tempo.
No quinto dia, nenhuma lágrima escorreu do meu rosto, mas lembrei o tanto que caminhar pode ser frustrante para quem gosta de correr.
Continuei mesmo assim.
Por volta do décimo dia, entendi que, em alguns momentos, correr não vai te levar mais rápido onde você quer chegar.
Não parar de caminhar, sim!
Escolhi uma playlist mais animada.
Compreendi, lá pelo dia 30 que, uma hora, por mais difícil que seja o caminho, se já passou por ali antes, você já sabe o que fazer.
Nesses dias difíceis, também entendi que nem sempre vou conseguir aproveitar a paisagem e está tudo bem!
Ter companhia não faz o percurso ser mais fácil, mas incrivelmente mais leve, sim!
Agradeci por isso.
Em algum momento, depois que perdi as contas dos dias, descobri que, tensionar todo o corpo enquanto você só precisa de alguns músculos para se manter em movimento, é desperdício de energia.
Também foi por esses tempos, vi que se comparar com qualquer outra pessoa ali é inútil, afinal, você não sabe de onde ela largou.
Voltei a atenção para meus passos e mantive meu próprio ritmo.
Se nunca tivesse sido impedida de correr, por causa da lesão no tornozelo, talvez não descobrisse que caminhar também pode ser uma delícia.
É, talvez esse texto não seja sobre caminhadas!
Nem tudo é o que parece
À uma amiga, confidenciei como a escrita me ajudava a não deixar minha mente me enganar.
E aqui não estou falando do ato de fazer registros e ler depois, mas da exigência que a escrita nos demanda de refletir e com esse processo, pegarmos detalhes que nos mostram que nem tudo é como parece ser.
Isso sempre foi de grande utilidade pra mim, mas, foi ainda de maior utilidade no processo de escrita do divórcio.
Muitas vezes pensava em acontecimentos e, dependendo do sentimento que me despertava, olhava com o viés somente do lado bom ou somente do lado ruim.
Ao escrever e me atentar melhor a essas emoções, conseguia ver que tudo, mas absolutamente tudo tem dois lados e, olhar para ambos é imprescindível, pra gente ter uma visão mais realista das coisas.
Equilíbrio é tudo!
Um diário em tópicos
Essa mesma amiga, me perguntava como ela poderia usar a escrita em seu próprio processo de divórcio, mas que tinha dificuldade de escrever livremente.
Na oficina de escrita em diários (que agora está se transformando em um curso em vídeo), nos dedicamos um bom tempo a ver diferentes maneiras que podemos usar para fazer os nossos registros cotidianos, mas tem um, em especial, que gosto muito é a escrita em tópicos.
Explico: sabe aqueles fichamentos que fazíamos na escola ou na faculdade? É basicamente aquilo só que com sua vida e os acontecimentos dela.
Assim, a gente acaba sendo mais objetivo naquilo que queremos escrever e, por escrever menos, muita gente se dá bem assim.
Inclusive, desde que comecei um caderno novo, no meio do mês passado, tenho escrito assim e gostado muito!